Com o objetivo de reduzir, conscientizar, prevenir e preservar a vida de condutores, ciclistas e pedestres em Nova Andradina, foi instituído o projeto de extensão Monitor de Violência no Trânsito. Coordenada pelo professor Fabiano Greter Moreira, a ação foi reconhecida durante a solenidade do 45º aniversário do 8º Batalhão da Polícia Militar do município, realizado no Centro de Eventos Silvio Ubaldino.
“O projeto é a primeira iniciativa no Estado e foi selecionado entre os dez trabalhos aptos ao prêmio Senatran 2024, na categoria 4”, ressalta o professor. Essa categoria tinha como objetivo reconhecer o desenvolvimento de soluções tecnológicas na área de gestão de segurança viária e/ou prevenção de sinistros cujas inovações tecnológicas contenham ferramentas, metodologias, técnicas, dispositivos, conhecimentos e outros, com o objetivo de otimizar processos, desenvolver a gestão do conhecimento ou aprimorar produtos ou serviços voltados ao trânsito e mobilidade urbana.
Segundo o professor, a proposta de monitorar os atendimentos e não os acidentes possibilita compreender como as ocorrências de trânsito envolvem mais de uma corporação em apenas um evento, por exemplo Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Com o deslocamento das viaturas e agentes, outras prioridades da sede urbana do município são deixadas de lado. A alta das ocorrências e o número reduzido de viaturas e de pessoal, acarretam maior dispêndio de recursos e de estruturas no atendimento, onde a falha de uma, sobrecarrega os outros”, destalha.
Fabiano lembra que as discussões iniciaram no segundo semestre de 2020, com o major Pablo Diego Barros de Jesus do Corpo de Bombeiros de Nova Andradina. “A preocupação com o número alarmante dos acidentes de trânsito e a sobrecarga das corporações, motivaram a proposição do projeto, em prol de unir esforços de várias entidades municipais, estaduais e federais ligadas a segurança viária e civil para levantar dados sobre os atendimentos ocorridos no centro urbano do município”, fala.
O professor explica que, por meio do projeto, são realizados encontros anualmente com todos os parceiros: 8º Batalhão da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Samu, Agência de Nova Andradina do Departamento Estadual de Trânsito, Departamento Municipal de Trânsito, Câmara Municipal de Nova Andradina, Conselho Comunitário de Segurança, Secretário de Saúde Municipal e demais instituições públicas e civis como: Polícia Científica, representante dos hospitais do município, OAB, Conselho Municipal de Saúde e entre outros.
“Nos encontros são apresentados os destaques do monitoramento, como horários dos acidentes, bairros, veículos/condutores envolvidos, principais causas, dias da semana, a idade dos envolvidos, se ruas ou avenidas e gravidade dos acidentes. O público é toda a comunidade de Nova Andradina e região, pois são publicados os dados analisados nas áԲs oficiais da UFMS e locais. […] Os encontros são realizados no auditório do Corpo de Bombeiros, no anfiteatro do CPNA e no Plenário da Câmara Municipal”, complementa. Após a apresentação das informações, os participantes apresentam sugestões e recomendações que serão encaminhadas para os órgãos competentes. As informações referem-se à infraestrutura do trânsito, legislação e entre outros.
Segundo o professor, os estudantes participam na organização dos encontros, recepção dos parceiros e convidados, e atuam na construção de medidas de prevenção e conscientização, onde possuem acesso aos dados do monitor, que possibilitam trabalhos científicos/pesquisa. “A partir do projeto Monitor de Violência no Trânsito, a comunidade de Nova Andradina possui conhecimento sobre a realidade dos atendimentos das ocorrências de trânsito na sede urbana do município. Esse estudo contribui para compreender as dinâmicas dos acidentes, seus principais locais e causas, possibilitando as forças de segurança melhor atuação na prevenção e conscientização no trânsito”, avalia.
Em relação às expectativas do Monitor para esse ano, o professor acredita na tendência de redução nos atendimentos e nos óbitos, em relação a 2023. “Ações educativas e atuação das forças de segurança, aliadas a uma infraestrutura de sinalização das vias do município, têm contribuído para esta redução. Todas as recomendações enviadas à Câmara Municipal e à Secretaria de çDz Públicos e de Infraestrutura têm impulsionado ações em prol da segurança viária da sede urbana do município, como a instalação de redutores de velocidade em determinados cruzamentos identificados pelo projeto, como fator de risco. Como o trânsito é dinâmico e Nova Andradina é considerada um polo de desenvolvimento no Vale do Ivinhema, as políticas públicas de atendimentos aos acidentes de trânsito devem se atentar a todas as frotas dos municípios da região, que passam de 50 mil veículos”, diz.
“Como estamos caminhando para o quarto ano do projeto Monitor de Violência de Trânsito, percebemos uma recepção importante na comunidade, principalmente dos dados levantados que já são utilizados em campanhas e capacitações em instituições do município. Esse projeto não possui uma previsão de término, muito pelo contrário, estamos falando de trânsito, fator de movimento das pessoas, de empresas e de todo e qualquer tipo de sociabilidade de uma cidade. Os objetivos se firmam ainda mais a cada dia e ano, onde mais instituições públicas e entidades civis começar a participar das ações, pois a segurança no trânsito é compromisso de todos”, destaca.
Ele conta que o projeto possui a perspectiva dos atendimentos de trânsito não somente como mobilidade urbana, mas de saúde pública e, em alguns casos, do judiciário. “Destacamos os atendimentos realizados pelo Samu, todos são com vítimas, que são encaminhadas ao Hospital Regional do município, sobrecarregando a rede pública de saúde, elevando os custos e em alguns casos, provocando a incapacidade das pessoas (parcial e/ou permanente) ou óbitos”, pontua.
Desde o início do Monitor já foram registrados 12 óbitos no centro urbano de Nova Andradina, totalizando mais de 2 mil atendimentos, e com base em estudos da Polícia Rodoviária Federal (em nível nacional), mais de 20 milhões de reais foram gastos nos atendimentos das vítimas/indenizações.
“Estamos falando de vidas, e cada atendimento seja com menor ou maior gravidade, haverá consequências, traumas e incapacidades, por isso, conhecer a realidade das ocorrências do município, é primordial para a construção de políticas públicas e ações de redução, conscientização e educação do trânsito eficientes no atendimento das causas e o público mais afetado. Estamos organizando uma aba dentro da do CPNA, para tornar os dados públicos e de fácil acesso a toda a comunidade, fortalecendo o projeto e criando um canal direito com as pessoas”, finaliza.
Texto: Vanessa Amin
Fotos: Projeto Monitor de Violência no Trânsito/ Cogecom – Prefeitura de Nova Andradina